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Channel: Virada Cultural 2013 » José Mauro Gnaspini
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A Virada visita Dom Odilo Scherer

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25 10 mosteiro da luz saofreigalvao_horarios_img02rotaEstamos nos domínios do Mosteiro da Imaculada Conceição da Luz (foto mais à dir.), na avenida Tiradentes, centro de São Paulo, no quarteirão que fica exatamente ao lado do edifício amarelo da Rota, as Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (foto à dir.), pertencente ao comando da Polícia Militar do Estado de São Paulo. No complexo do Mosteiro da Luz ficam também o Museu de Arte Sacra de São Paulo e a residência do cardeal Dom Odilo Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo.

IMG_8487É ele quem recebe, em pessoa, a pequena comitiva da Virada Cultural, formada pelo subprefeito da Sé, Marcos Barreto (na foto abaixo com Dom Odilo), por Fábio Maleronka José Mauro Gnaspini, da Secretaria Municipal de Cultura (SMC), e por este blogueiro. O tema central é o mesmo da conversa, um dia antes, com o padre Carlos Contieri, do Pátio do Colégio: a coincidência temporal, neste 2013, entre a Virada e a celebração católica do Pentecostes.

À chegada de Dom Odilo, Marcos se apresenta e explica que é o subprefeito responsável por oito distritos da região central da cidade: Bom Retiro (onde estamos), Santa Cecília, Sé, República, Bela Vista, Consolação, Liberdade e Cambuci. Dom Odilo, gaúcho que recentemente foi cotado para o posto agora ocupado pelo papa argentino Francisco, lamenta a deterioração da região, cita pontualmente a chamada Cracolândia, fala da necessidade de “revitalização” da área.

Pinacoteca-de-sao-paulo250px-Estação_da_LuzMarcos elenca os também vizinhos Sala São Paulo (foto abaixo), Museu da Língua Portuguesa e Pinacoteca do Estado (fotos à dir.) e afirma: “A Cracolândia é uma demonstração de que os grandes investimentos em grandes equipamentos públicos não são suficientes para reverter o quadro de exclusão social”. O arcebispo lamenta: o comércio morreu, é zona de risco para habitação, “até se evita transitar por lá”. “Vejo como uma área de grande possibilidade. Acho que dá para reverter isso”, opina o subprefeito. “O desafio é como revitalizar sem excluir, sem expulsar os mais pobres, né, Dom Odilo?” O cardeal lastima os que estão consumindo crack, “abandonados à própria sorte”. Marcos fala da intenção de incorporar população em situação de rua do centro à lógica da Virada, seja participando como espectadora, seja eventualmente trabalhando no evento.

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UnknownA conversa chega ao tópico no qual os interesses de todos convergem: a programação da Virada na praça da Sé, sede da Catedral Metropolitana de São Paulo, onde Dom Odilo celebrará o Pentecostes. O cardeal demarca que a Sé também “está decaindo”. O subperefeito explica que a organização do evento optou (como no ano passado) por colocar ali um palco sem música, o dos humoristas de “stand up comedy”, e que, já por solicitação anterior do arcebispo, esse palco foi deslocado das proximidades da escadaria da catedral, onde era habitualmente montado, para o outro lado da praça. José Mauro descreve a estrutura do “Domo” (imagem à dir.), instalação (também sem som) da produtora Visualfarm, a se localizar na Sé entre o Marco Zero e a estátua de São Paulo.

Dom Odilo ouve atentamente e ao final da exposição agradece a consideração e a providência tomada. Observa que a preocupação não se detém apenas à Catedral da Sé, mas também ao Pátio do Colégio e ao Mosteiro de São Bento. Aponta que as praças onde se assentam essas igrejas pertenciam originalmente a elas: “A praça da Sé era um espaço da Igreja, e foi integrada à cidade”. Conta que no próximo domingo, além do Pentecostes, está marcada para a Sé uma celebração com adolescentes que se preparam para a crisma. Queixa-se de fato “constrangedor” ocorrido num ano passado, quando a missa no Mosteiro de São Bento coincidiu com um espetáculo “tido como de arte”, mas “provocador para quem estava entrando na igreja”, “praticamente de nudismo”.

Fábio explica que os palcos do Largo São Bento e do Largo Santa Ifigênia serão ocupados neste ano por artistas de periferia. “Lá são atividades muito tranquilas, saraus de poesia. E, no viaduto Santa Ifigênia, uma feira de discos de vinil”, diz. O coordenador da Secretaria de Cultura refere-se à ”encomenda” feita publicamente pelo prefeito Fernando Haddad ao secretário Juca Ferreira, durante a entrevista coletiva de apresentação da Virada, e também motivada por conversa com Dom Odilo, de que programações religiosas sejam de alguma maneira incorporadas à Virada, ou a outros eventos da Prefeitura. O exemplo da Notte Bianca (Noite Branca) de Roma vem à baila. O arcebispo cita “uma enormidade de possibilidades de representar a arte de fundo religioso” e sugere integrar à iniciativa outras religiões, como as evangélicas, com “música gospel” e “as tradições do spirituals” (não são mencionadas na conversa as religiões de matriz afrobrasileira, nem a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, no largo Paissandu, que testemunhará uma missa conga na alvorada do domingo).

A conversa se encaminha para o final. Dom Odilo se manifesta contente com o resultado. Fábio sugere uma foto que sele a satisfação dos presentes – e este blogueiro registra com grande grau de amadorismo as imagens de celular que iniciam e encerram este texto.

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